8 de dezembro de 2015

"Ser adulto" Vs. "Ser criança"

Acho que nunca chegamos realmente a ser adultos. Crescemos em altura, desenvolvemos em estrutura e aprendemos novas coisas, apenas. Vivemos experiências que nos moldam e nos dão (ou não) um sentido de responsabilidade. Mas não acho que as coisas mudem muito mais que isso. Há quem diga que quando se é adolescente se está revoltado com tudo e que as emoções são muito mais intensas. Isso quer dizer que ser adulto, significa pôr de parte essas emoções ou vivê-las de forma monótona e aborrecida? Se assim for, prefiro continuar criança. Sempre fui e serei de emoções fortes, porque sei o que é respirar e não me sentir vivo. São essas mesmas emoções que me relembram que estou aqui e que posso mudar o que me rodeia. É isso que me mostra que também sou importante. Sou uma criança com algum juízo, muita loucura, brincadeira e sonhos, muitos sonhos. Estamos aqui todos de passagem, mas sem estas características, a mim, parece-me que não andamos aqui a fazer nada de especial. E "não fazer nada de especial" não é opção para mim, que não sei se cá voltarei.


7 de dezembro de 2015

Ser chamado de "boa pessoa"

Não o sou. Conheço-me melhor que isso. Costuma dizer-se que quanto mais belo o sorriso de uma pessoa, maior a tristeza que esta carrega. Trata-se de saber o que custa e conhecer o outro lado da moeda. Eu sou chamado de "boa pessoa", mas não me posso definir como tal. Do outro lado dessa boa pessoa, está uma pessoa igualmente má. No fim de contas, somos todos um jogo de equilíbrios. Comigo, o lado apresentado, depende de a quem o apresento e da forma como essa pessoa interage comigo. Semeias ventos, colhes tempestades. Por definição tento ser boa pessoa, mas isso não significa que não possa tornar-me no teu pior pesadelo. Trata-se sempre daquilo que recebo em troca, porque toda a gente sabe que, neste mundo, nada se dá de graça. E por vezes é díficil ser esse equilíbrio. Por vezes, é díficil ser o amigo simpático que faz rir os outros e lhes alegra o dia, mas mesmo assim, tento-o ser. Não gosto de ser chamado de "boa pessoa", no entanto, porque sei de tudo isto. Sei que posso ajudar alguém a curar as suas feridas, mas também sei que se for preciso não hesito em reabri-las e colocar lá o dedo ou, às vezes, o braço inteiro. O que cria também destrói. E é uma coisa assustadora, esta habilidade que todos possuímos.

Sometimes.

6 de dezembro de 2015

Sobre falta de esforço

Começo a revoltar-me com a forma pacífica como lido com algumas situações. Porque no fundo, se não demonstro o meu desagrado, sou cúmplice de quem erra para comigo. Começo a cansar-me das faltas de esforço. Sempre ouvi dizer que quando as pessoas querem, as coisas são feitas. Quando as pessoas querem, arranja-se tempo. Seja para amigos, para mais ou até menos que isso. "Quando a gente ama, é claro que a gente cuida." - Uma frase bem bonita. E chateia-me quando isto não se verifica. Acabo por lidar com a situação com um "Não faz mal." e tento esquecer o assunto. Mas não esqueço totalmente. Porque no fundo, sinto-me magoado. No fundo, faz mal. Quando convido alguém para sair, ou para conviver, eu não quero ouvir um "Desculpa, mas afinal não tenho tempo porque bla bla bla" se for o caso de "Não, não me apetece. Desculpa". Prefiro mil vezes que me digam a verdade, do que tentem fugir ao assunto, porque eu acabo por entender. Especialmente quando são situações recorrentes. Substimar-me e achar que não vou perceber, é ainda mais insultuoso. Eu entendo que nem sempre se tenha vontade, comigo é igual. O que não entendo são aqueles convites que têm como resposta um "Ah, sim, acho que sim, mas posso dizer-te daqui a meia hora?" durante a chamada ao telefone. Isto tudo, para depois me mandarem uma mensagem de texto que diz "Desculpa, afinal não vai dar". E isto uma e outra vez, até serem cinquenta. É suposto eu acreditar que não me disseste logo que não, porque realmente tinhas de confirmar algo? Porque normalmente quando se tem de confirmar algo, ninguém dá "uma espécie de" resposta afirmativa. Simplesmente se diz que não se sabe e que se vai verificar. Dar uma "quase resposta afirmativa" ao telefone, para depois se mandar mensagem a dizer "Afinal não vai dar" pouco tempo depois, é simplesmente mau. Parece-me que já sabias que não dava. Parece-me que não tiveste coragem de me dizer logo que não, porque mal me dizes que me dirás meia hora depois, eu já sinto que a resposta será negativa. Serei vidente? Se eu consigo prever que é negativa, mais valia teres-mo dito na cara, nesse momento. Até fico a pensar se alguma vez reagi mal a uma resposta negativa, ao ponto de teres "medo" de seres honesto/a. Mas não. O problema é reajo sempre bem demais. E as pessoas habituam-se. Habituam-se a desiludir-te, porque contigo está sempre "tudo na boa", então não há mal. Espero que também não haja mal, quando eu me passar e explodir. Espero que nessa altura, seja "tudo na boa", também. Espero que nessa altura, o vosso "medo" de ser frontal se justifique. Chega.

A minha reação, quando as desculpas surgem.

5 de dezembro de 2015

Relações alheias

Às vezes, olho em volta e foco-me nas pessoas que namoram. Surge-me sempre este pensamento: Encontrar o "amor da nossa vida", não é fácil. Encontrar um "amor", também não. Diria eu, baseado nas minhas vivências. Mas depois pergunto-me: "E se for?". Ora, se é difícil para mim, seria difícil para pessoas em circunstâncias parecidas às minhas, algo que reparo que também é realidade. No entanto, todos temos vivências diferentes e às vezes o "timing" é tudo. Talvez, nesta situação, esse seja mesmo tudo. Mas depois vejo pessoas que saltam de relação em relação rapidamente e têm vários "amores". Será que eles acertam nesse "timing"? Ou será que nem são "amores", como os defino, mas oportunidades que surgem de forma desorganizada, que são aproveitadas sem boa fundamentação aparente e que com o tempo, se tornam em relações com sentimento? Serão essas pessoas mais "sortudas" realmente sortudas, ou apenas indivíduos que se conformam com formas "inferiores" do que eu chamo de "Amor"? Ou até pessoas que se envolvem em relações sem amor e que o criam, durante essas relações? Mas pergunto-me: Será que isso pode ser mesmo considerado "Amor"? Afinal, o que raio é o "Amor"? Hum... Autenticidade é uma coisa lixada. Se há duas coisas que são certas, é que isto não é propriamente uma corrida e que eu não entendo nada disto.

Estou tão confuso, neste momento.

2 de dezembro de 2015

Dissecar formas de ser

Às vezes pergunto-me se sou só eu que o faço. Analisar e re-analisar. Pergunto-me se sou só eu, porque não me parece que muita gente o faça. Há demasiados desentendimentos e vejo pouca vontade de compreender. Eu pelo menos tento. Habituei-me desde cedo a decompôr pessoas e personalidades, essas coisas maravilhosas que cada um forja ao longo da vida. Alguns até forjam várias e talvez lhes chamem doentes. Eu cá tenho sempre as minhas dúvidas quanto a esses julgamentos. Mas enfim, habituei-me a dissecá-las e a tentar perceber o porquê de assim serem. Afinal de contas, se nós as forjamos, temos de nos basear em algo. Sou sincero, nunca estudei muita psicologia, por isso só me baseio naquilo que reparo e observo à minha volta. 

Eu, por exemplo, sou caracterizado como sendo extrovertido, simpático, brincalhão, divertido, brutalmente honesto e muito orgulhoso, entre muitos outros. Mas de onde é que isso surgiu? Lembro-me de ser miúdo e ser gordinho. Uma bolinha, portanto. Usava óculos e já na altura era gozado, acusado de ser algo que eu desconhecia. Digamos que não tinha muita facilidade em socializar. E daí surgiu o meu lado divertido, simpático e cómico. Do meu ponto de vista eu tinha duas hipóteses: tornar-me introvertido e refugiar-me num canto ou tornar-me extrovertido e conquistar as pessoas. Claramente escolhi o caminho mais complicado e não fazia a menor ideia de onde me estava a meter. Mas lá fiz a minha decisão. Sejamos realistas: a aparência não me ajudava (porque mesmo não havendo nada de errado com ser uma bolinha com óculos, todos sabemos como são as crianças nessa idade - implacáveis no mau sentido), por isso ninguém ia querer ser meu amigo por olhar para mim. Então restava-me ganhar terreno usando outras armas. E nasceu o meu lado cómico, fruto da minha criatividade e da necessidade de fazer amigos. Se eu tivesse piada, não precisava de ser bonito para que gostassem de mim. É por isso que muitas vezes os gordinhos são os que têm mais piada, por exemplo. A meu ver, trata-se de sobrepôr obstáculos e a nossa personalidade é fruto disso mesmo.

Engraçado (e não tem piada nenhuma) o nosso exterior condicionar tanto o desenvolvimento do nosso interior. Dito isto, até parece que dava demasiada importância a opiniões alheias, ora não? Mas é claro que me importava com o que os outros achavam de mim. Dizer que não te importas com o que as outras pessoas pensam de ti é a maior mentira que podes dizer, e atenção, eu já a disse de boca cheia. Ninguém neste mundo vive bem sozinho. Não somos seres sociáveis só porque sim. Precisamos disso. Uns mais que outros, mas todos precisamos de socializar. A única coisa que é verdade é dizeres que não vais deixar que essas opiniões te moldem ou te criem. Aí está a diferença. Importares-te com essas opiniões? Sim. Deixares que elas te definam? Nem penses. Porque se não te importares com elas irás cair no ridículo e se deixares que elas te definam deixarás de ser tu mesmo. Em tudo há que encontrar um equilíbrio.

Em termos de psicologia, isto pode ser uma completa palermice, mas não é essa a questão. Este é apenas o meu ponto de vista, a forma como eu aprendi a ler as pessoas e a tentar perceber o seu passado. Não sou especialista, mas ao menos esforço-me por compreender antes de julgar. Claro que também julgo. Não sou santo nenhum. Até julgo demais, por vezes. Mas sempre que posso, tento compreender. Talvez ela esteja a ter uma atitude de otária, não por ser otária, mas porque tem medo de se magoar e prefere proteger-se dando razões aos outros para se afastarem. Talvez ele tenha medo de se sentir sozinho e por isso seja demasiado excêntrico e tenha atitudes sem nexo, acabando por ter piada. Talvez ele considere que o seu mundo está a desabar por tudo e por nada, porque nunca se deparou com situações díficeis que o fizessem ganhar "resistência". Talvez ela já tenha sofrido tanto, que mal pestaneja, quando para nós parece que a vida dela está virada de pernas para o ar.

Não há melhores ou piores. Há pessoas com vivências diferentes. E há que entender que quem nos rodeia pode não saber nada de nós, ou pode ser altamente observador e saber bem mais do que queremos mostrar. Nem tudo é preto e branco ou tons de cinza. Era uma seca, se assim fosse. Há muita cor, pelo meio, muita vida. E é aí que reside a beleza disto tudo.

Santana Lopez, o meu alter-ego.

1 de dezembro de 2015

Duas velocidades

Pessoas como eu têm duas velocidades: meticulosamente planeado ou puramente espontâneo. Esta segunda é rara, e serve para quando preciso de alguma libertação. Mentira. Na verdade, serve para quando não há coragem suficiente e há coisas a ser feitas. Nesses casos atiro-me de cabeça e "seja o que Deus quiser", como dizem. Se bem que Deus não quer nada, muito menos ser para aqui chamado. No resto dos casos é tudo planeado ao mínimo detalhe. Acaba por ser fascinante, até para mim, às vezes. Tudo é ponderado desde o que eventualmente acontece ao que pode acontecer (e todos os cenários que esta categoria engloba). Simplesmente, porque eu não sei lidar com algo para o qual não estou preparado e por isso evito tal situação, se possível. E isto aplica-se a tudo, desde ir à confeitaria até às interacções interpessoais. No meu cérebro, cai o carmo e a trindade se o raio do rapaz me diz que não posso pagar com cartão de crédito ou que acabou o chocolate quente. Para mim, é quase como ser escolhido como tributo para os jogos da fome. É pior que pânico. Nas interacções interpessoais é quando se torna interessante. É tudo pensado ao mais pequeno detalhe. Não só o meu discurso, como o que os outros podem trazer para a mesa, durante a conversa/discussão. Às vezes, até o que eles podem estar a pensar em silêncio. E é aqui que as coisas ficam perigosas. No meio de tanto pensamento, há mais probabilidade de haver erros no meu planeamento que buracos num queijo suíço. Mas nem tudo são más notícias. Quando tudo corre bem, nada me falha e torno-me mestre em várias áreas, como organização pessoal e manipulação psicológica de terceiros, por exemplo. Ou tudo, ou nada. E ninguém disse que os meus poderes especiais eram usados para o bem.

Palavras sábias da minha deusa e alter-ego, Santana Lopez